A diminuta fuinha-dos-juncos chama a atenção pela sua peculiar vocalização, geralmente acompanhada por voos de exibição. Quando não canta, esconde-se entre a vegetação e pode ser muito difícil de observar.
Taxonomia
Ordem: Passeriformes
Família: Cisticolidae
Género: Cisticola
Espécie: Cisticola juncidis (Rafinesque, 1810)
Subespécies: 17
Em Portugal ocorre a subespécie C. j. cisticola.
Identificação
Esta ave insectívora é bastante pequena, podendo ser confundida com outros pequenos insectívoros. A plumagem é dominada por tons castanhos, apresentando um padrão riscado nas partes superiores e na cabeça. O bico é fino. É mais facilmente detectada e identificada pelas vocalizações que emite enquanto executa os voos territoriais, que fazem lembrar um insecto.
Sons
Para ouvir a vocalização da fuinha-dos-juncos, clique na seta abaixo!
Abundância e Calendário
A fuinha-dos-juncos é residente no nosso território, mas a sua detectabilidade varia muito ao longo do ano, podendo ser difícil de detectar quando não canta. É bastante comum em habitats óptimos, nomeadamente searas, pastagens de erva alta, charnecas e baldios. Pode ser encontrada com facilidade, mesmo em terrenos abandonados situados em zonas fortemente humanizadas. Distribui-se de norte a sul do país mas é claramente mais comum em zonas de baixa altitude, sendo bastante rara acima da cota dos 800 metros. Assim, é uma espécie bastante escassa na maior parte da Beira Alta e no nordeste transmontano.
Mapas
Onde Observar
A fuinha-dos-juncos observa-se sobretudo nas terras baixas, sendo por isso mais fácil de encontrar no litoral.
Entre Douro e Minho – o estuário do Minho é o melhor local da região para observar esta minúscula ave, que também pode ser observada no estuário do Douro e no estuário do Lima. Mais para o interior ocorre apenas nas terras baixas junto aos vales dos rios, como por exemplo nas lagoas de Bertiandos. |
Trás-os-Montes – pouco comum nesta região, estando ausente das zonas de maior altitude. Pode ser vista com relativa facilidade na veiga de Chaves. |
Litoral Centro – o baixo Mondego (por exemplo junto ao paul da Madriz), a zona do paul de Tornada, os campos de São Martinho do Porto e a lagoa de Óbidos são bons locais para procurar a fuinha-dos-juncos. |
Beira interior – na Beira Alta é rara e pode ser vista principalmente ao longo do vale do Mondego, como por exemplo em Viseu ou Celorico da Beira. Na Beira Baixa é mais comum e pode ser vista no Tejo Internacional e também na albufeira da Toulica. |
Lisboa e Vale do Tejo – o estuário do Tejo, particularmente as lezírias da Ponta da Erva, são um dos melhores locais para observar esta espécie, que aqui é particularmente abundante; outros locais onde ocorre são as salinas de Alverca, o paul do Boquilobo, a várzea de Loures, a lagoa de Albufeira e as encostas da serra de Montejunto e do cabeço de Montachique. Pode ainda ser vista nos terrenos baldios da cidade de Lisboa e no Parque do Tejo. |
Alentejo – tem uma distribuição ampla nesta região, podendo ser vista no estuário do Sado mas também mais para o interior, onde a espécie é comum nas zonas mais abertas, como a região de Castro Verde, as planícies de Évora, as zonas de Montargil e Nisa e a albufeira da Póvoa. Também ocorre na serra de São Mamede. |
Algarve – pode ser vista um pouco por todo o litoral, por exemplo no Ludo, na lagoa do Garrão, na zona de Vilamoura, na ria de Alvor, no paul de Lagos, na Ponta da Piedade, na Boca do Rio e junto ao cabo de São Vicente. Também ocorre nas zonas baixas da costa oeste, por exemplo na Carrapateira e no planalto do Rogil. |
Saber Mais
Partilhamos a gravação das “conversas sobre aves” dedicada a esta espécie. Falamos do canto, do habitat, dos nomes comuns da espécie, do significado do nome científico e da taxonomia. Abordamos também a questão da distribuição e da grande sensibilidade que esta espécie tem às baixas temperaturas, que faz com que esteja praticamente ausente das terras altas. No final deixamos um apontamento sobre as outras espécies da família Cisticolidae e explicamos o significado da sigla LBJ 🙂
Além disso, também já realizámos um webinário acerca da fuinha-dos-juncos e no qual foram abordados outros aspectos acerca da distribuição desta espécie, com destaque para a sua sensibilidade às baixas temperaturas. Para assistir à gravação, basta clicar na seta abaixo.