Esta espécie pertence à Ordem Passeriformes.

Quem passe pela Beira Baixa ou pelo interior alentejano, não pode deixar de reparar nos ninhos de cegonha-branca nos postes telefónicos junto à estrada. Muitos destes ninhos servem de suporte a colónias de pardal-espanhol, construídas por baixo dos mesmos, num interessante caso de comensalismo. Impressionantes são também as colónias desta espécie, cuja frenética actividade pode ser ouvida a grande distância.

 

Taxonomia

Ordem: Passeriformes
Família: Passeridae
Género: Passer
Espécie: Passer hispaniolensis (Temminck, 1820)
Subespécies: 2

Em Portugal ocorre a subespécie nominal.

Identificação

Superficialmente parecido com um pardal-comum. Durante a época de nidificação,os machos distinguem-se facilmente dos de pardal-comum pelo grande “babete”preto, pelos flancos riscados e pela coroa castanha e não cinzenta. As fêmeas são muito semelhantes às de pardal-comum, por vezes com os flancos levemente riscados. No Inverno, as cores encontram-se mais apagadas e a identificação não é tão imediata, sendo por isso importante observar as aves com atenção. Como critério auxiliar de identificação, note-se que o pardal-espanhol se distribui sobretudo pela metade interior do país e só muito raramente ocorre em edifícios.

Sons

Para ouvir a vocalização do pardal-espanhol, clique na seta abaixo!

Abundância e Calendário

Está presente em Portugal durante todo o ano, mas a sua distribuição não é constante. Durante a época de nidificação pode ser visto sobretudo no interior centro e sul, sendo localmente muito abundante, particularmente na Beira Baixa e em certas zonas do Alentejo. As suas colónias, situadas principalmente em árvores e ninhos de cegonha-branca, são compostas por dezenas ou centenas de ninhos e encontram-se em actividade de Abril a Junho. No Inverno o pardal-espanhol ocorre igualmente nalgumas zonas húmidas do sul do território.

Mapas

Onde Observar

Por ser mais abundante no interior do país, o pardal-espanhol é incomparavelmente mais fácil de encontrar nessa região, especialmente a Beira Baixa e o Alentejo. Vale a pena inspeccionar os ninhos de cegonha-branca, que muitas vezes servem de suporte a colónias de pardais-espanhóis.

 

Beira interior – Na época de nidificação os melhores locais para observar o pardal-espanhol são o Tejo Internacional e a zona de Segura. Também ocorre regularmente junto à albufeira de Santa Maria de Aguiar e à albufeira da Marateca.

 

Lisboa e Vale do Tejo – raro nesta região, durante a passagem observa-se por vezes no cabo Espichel e nas lezírias da Ponta da Erva.

 

Alentejo – o norte alentejano (particularmente a zona de Nisa e a Barragem da Póvoa) e a região de Castro Verde são os locais mais favoráveis à observação deste pardal. Outros locais onde ocorre regularmente são a região de Elvas, a zona de Mourão e a vizinha albufeira de Alqueva e ainda a zona de Ourique, junto às albufeiras do Roxo e do Monte da Rocha. No Inverno observa-se no estuário do Sado e na zona de Marvão. Também ocorre regularmente junto à lagoa dos Patos.

 

Algarve – No Inverno, o pardal-espanhol também ocorre em certas zonas húmidas junto à costa, por exemplo na reserva de Castro Marim e na ria de Alvor. Na migração outonal já foi registado junto ao Cabo de São Vicente.

 

Saber Mais

O pardal-espanhol tem hoje uma distribuição alargada no nosso país: contudo, nem sempre foi assim, pois há apenas 50 anos a espécie ocorria apenas em certos locais da Beira e do interior alentejano. Há também a destacar a situação na Madeira, onde a espécie deverá ter chegado, de forma natural, em 1935. Para saber mais sobre a situação desta espécie, veja a gravação do webinário que realizámos em Maio de 2021.

 

 

 

Partilhamos igualmente um vídeo onde se descrevem os vários critérios de identificação das quatro espécies de pardais que ocorrem em Portugal.

 

Documentação

Ficha do pardal-espanhol no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (edição 2005)

Ligações externas

Bibliografia

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