Este importante cabo é um dos acidentes geográficos mais significativos de Portugal Continental. É aqui que a costa portuguesa inflecte de sul para oeste. É um local pedregoso, situado junto ao mar sobre falésias calcárias. A maior parte da zona encontra-se desarborizada, embora algumas plantações de pinheiros quebrem a monotonia da paisagem. Quando as condições meteorológicas são favoráveis, este é um local privilegiado para a observação de aves em migração, especialmente no Outono.

O cabo de São Vicente é um excelente local para observar aves marinhas, em especial às primeiras horas da manhã

Visita:

O farol do cabo de São Vicente tem geralmente mais turistas que aves, no entanto este local é um ponto privilegiado para observação de aves marinhas, especialmente de manhã cedo. Consoante a época do ano, é possível observar aqui cagarras, gansos-patolas, patos-pretos, moleiros e tordas-mergulheiras. O corvo-marinho-de-crista, que nidifica nas falésias, pode ser visto a voar junto aos rochedos. As escarpas são frequentadas por pombos-das-rochas, de fenótipo aparentemente selvagem. Nas imediações do parque de estacionamento ocorrem geralmente pequenos bandos de gralhas-de-nuca-cinzenta, que pousam muitas vezes nos postes ou nos cabos aéreos, mas o número de aves desta espécie parece ter diminuído fortemente nas últimas décadas. A partir de Novembro, as escarpas junto ao farol são um local de ocorrência regular da rara ferreirinha-alpina e no Inverno a zona é visitada por grande número de andorinhas-das-rochas.

O marco geodésico da Cabranosa, conhecido entre os observadores de aves pelo nome de “P1” (designação adoptada durante as sucessivas campanhas de observação de aves planadoras), é um local privilegiado para observação de aves terrestres durante a passagem migratória outonal. Para aqui chegar percorre-se o caminho de terra ao longo da “sebe” e no final desta vira-se à direita,  subindo a colina até ao marco geodésico. É talvez o local de Portugal onde é mais fácil observar o bútio-vespeiro, especialmente durante o mês de Setembro ou início de Outubro, sendo também regular a águia-calçada, a águia-cobreira, a cegonha-preta e outras espécies de aves planadoras. Em finais de Outubro ou início de Novembro é frequente surgirem aqui bandos de grifos. Os pinhais adjacentes são frequentados por diversos passeriformes residentes e atraem também um grande número de migradores.

 

O Vale Santo, situado alguns quilómetros a norte do Cabo, é frequentado regularmente por gralhas-de-bico-vermelho, que aqui vêm alimentar-se. No Outono, este é um bom local para observação de passeriformes migradores, como o chasco-cinzento ou a sombria e é um dos poucos locais do país onde o borrelho-ruivo surge com regularidade. Esta zona é também um bom local para procurar a toutinegra-tomilheira, especialmente nas zonas de matos baixos. Outras espécies que aqui ocorrem habitualmente são o peneireiro-vulgar, o sisão, a laverca, o estorninho-preto e o trigueirão. Ocasionalmente observa-se o corvo.

Em Sagres, vale a pena visitar o porto da Baleeira, onde habitualmente se pode ver o corvo-marinho-de-faces-brancas, a rola-do-mar, a gaivota-argêntea e, ocasionalmente, algumas raridades.

 

Cerca de 1 km a nordeste de Sagres, junto à praia do Martinhal, existe uma charca temporária, que por vezes atrai algumas aves aquáticas. O elenco de espécies é muito variável, dependendo do nível da água. Entre as aves de ocorrência regular são de referir o borrelho-de-coleira-interrompida e a rola-do-mar, mas é habitual encontrar outras espécies de limícolas e já aqui têm sido vistas raridades.

Melhor época: Setembro a Dezembro

Distrito: Faro
Concelho: Vila do Bispo
Onde fica: no extremo sudoeste do território continental português, 30 km a oeste de Lagos e 6 km a oeste de Sagres. A partir de Lagos, segue-se pela N125 até Vila do Bispo e depois pela N268 até Sagres e por fim para oeste mais 6 km em direcção ao cabo de São Vicente.