Na várzea de Loures existem três pequenos pauis que, apesar do seu estado de degradação (presença de lixo e entulho, envolvimento por construções que ameaçam a sua subsistência), ainda servem de refúgio a diversas aves aquáticas, permitindo observar diversas espécies que geralmente não ocorrem a tão pequena distância da capital. Adicionalmente, os terrenos agrícolas envolventes também proporcionam algumas oportunidades de observações.

Aspecto do Paul da Granja, visto do lado oriental, junto à estrada de acesso à localidade

Visita:

O acesso é feito a partir de Loures ao longo da estrada nacional 115. Nenhum dos três pauis se encontra sinalizado, pelo que todos eles podem passar facilmente despercebidos.

O primeiro ponto de paragem é no Paul das Caniceiras, situado cerca de 2 km a leste da Urbanização do Infantado, junto ao km 80,9 da EN 115. Deve parar-se o carro junto à estrada e seguir a pé por um pequeno trilho que sai junto à Eurotyre. O paul é composto por uma mancha de vegetação aquática dominada por tabua e caniço, sendo utilizado por diversas espécies de aves aquáticas. O acesso não é muito fácil, dado que os terrenos estão por vezes alagados, e a melhor aproximação é feita contornando o paul pelo lado nascente. A vegetação emergente alberga rouxinol-bravo e nos terrenos envolventes é habitual ouvir-se a fuinha-dos-juncos, o estorninho-preto e o chamariz. Já aqui foi observada a garça-vermelha, bem como diversas espécies de aves exóticas, com destaque para o tecelão-de-cabeça-preta e o bico-de-lacre. Durante o Verão, este paul é habitualmente frequentado por grandes bandos de andorinhas-dos-beirais, que nidificam na vizinha urbanização do Infantado e aqui vêm alimentar-se. No Inverno observam-se a escrevedeira-dos-caniços, o rabirruivo-preto e o pintarroxo.

Chegando a Santo Antão do Tojal, entra-se na localidade e passa-se a Casa do Gaiato, seguindo depois para sul por uma pequena estrada ladeada de oliveiras. Ao fim de algumas centenas de metros, junto a uma ruína, fica do lado direito o mais pequeno dos três pauis, chamado Paul do Tojal (situado em frente à fábrica de sebo chamada “Sebol”). Neste diminuto paul ocorrem igualmente o galeirão-comum, o pato-real e o rouxinol-bravo e, na Primavera, ouve-se o canto do rouxinol-grande-dos-caniços. Nos olivais circundantes é frequente ouvir-se o mocho-galego.

Um pouco mais a leste fica o maior e mais acessível dos três pauis: é o Paul da Granja, que fica encostado à estrada, mesmo à entrada da localidade com o mesmo nome. Este paul, com mais de 300 metros de extensão, contém ainda boas manchas de caniço e tabua e é habitualmente frequentado por galeirões, galinhas-d’água, patos-reais e mergulhões-pequenos. As garças são uma das especialidades locais, tendo-se já registado por diversas vezes a presença de garçote e garça-vermelha. As manchas de vegetação aquáticas são frequentadas pelo guarda-rios, por pequenos bandos de bicos-de-lacre e, na Primavera, pelo rouxinol-grande-dos-caniços. Neste paul é regular a ocorrência de limícolas, registando-se a presença de pernilongo, maçarico-das-rochas e, por vezes, narceja ou maçarico-bique-bique. (especialmente no final do Verão, quando o nível de água é muito baixo e as lamas ficam expostas). O tartaranhão-dos-pauis aparece ocasionalmente neste local. No Outono e no Inverno ocorrem aqui alguns passeriformes interessantes, dos quais merecem destaque a petinha-ribeirinha, o pisco-de-peito-azul e o chapim-de-faces-pretas.

Melhor época: todo o ano

Distrito: Lisboa
Concelhos: Loures, Vila Franca de Xira
Onde fica: a várzea de Loures estende-se para leste da cidade com o mesmo nome a abrange a zona entre a Urbanização do Infantado e a Granja. O acesso é feito pela A8 até ao nó de Loures e depois pela E.N. 115 (até S. Julião do Tojal) e pela E.N. 115-5 (entre São Julião do Tojal e a Granja).