Durante os meses de Maio e Junho, o canto da sombria enche as encostas da serra da Estrela. Esta pequena ave, pouco conhecida dos ornitólogos nacionais, é uma das espécies mais características das zonas de altitude do nosso país.
Veja as datas aqui.
Taxonomia
Ordem: Passeriformes
Família: Emberizidae
Género: Emberiza
Espécie: Emberiza hortulana Linnaeus, 1758
A espécie é monotípica.
Identificação
A cabeça verde, a garganta e o bigode amarelos e o ventre avermelhado permitiriam identificar facilmente a sombria, não fora o facto de esta ave raramente se deixar aproximar e de, à distância, poder parecer simplesmente uma ave acastanhada. Felizmente, o seu canto característico, que na Primavera é repetido incessantemente, permite localizar e identificar a sombria sem grande dificuldade.Para cantar, os machos pousam frequentemente em rochedos, árvores isoladas e mesmo postes de alta tensão, sendo então facilmente observáveis à distância.
Sons
Para ouvir a vocalização da sombria, clique na seta abaixo!
Abundância e Calendário
A sombria não é uma espécie comum em Portugal. Ocorre sobretudo em zonas de maior altitude, distribuindo-se por isso quase exclusivamente pelas principais serras do interior norte e centro (Trás-os-Montes e Beira Alta). A sua abundância varia em função da altitude e do habitat disponível, mas o sector subalpino da serra da Estrela parece reunir as condições óptimas para a sua ocorrência, sendo esta a zona onde a sombria é mais comum.É uma visitante estival que chega bastante tarde, raramente sendo vista antes de finais de Abril ou princípios de Maio. Permanece nas suas zonas de nidificação até Agosto.No sul do país, especialmente no Algarve, ocorre regularmente em passagem migratória, sobretudo durante o mês de Setembro.
Mapas
Onde Observar
As zonas de altitude, preferencialmente acima dos 900 ou 1000 metros, são os locais mais favoráveis à observação da sombria.
Entre Douro e Minho – observa-se na serra da Peneda e, possivelmente, na serra de Arga. |
Trás-os-Montes – pode ser vista na maioria das serras que ultrapassam a cota dos 1200 metros, como a serra do Gerês, a serra do Alvão, a serra do Marão e a serra de Montesinho. |
Litoral Centro – poderá ocorrer nas zonas serranas do interior, sendo contudo pouco comum nesta região. |
Beira interior – a serra da Estrela é o melhor local do país para observar a sombria e um dos poucos sítios de Portugal onde a espécie se pode considerar comum, particularmente na faixa entre os 1000 e os 1700 metros de altitude. A espécie também pode ser vista em Celorico da Beira, na serra de Montemuro, na região de Penedono e na serra da Malcata. Na Beira Baixa é mais localizada, sendo a serra da Gardunha o sítio onde esta ave é mais fácil de encontrar. |
Lisboa e Vale do Tejo – observa-se apenas durante a passagem migratória, aparecendo raramente na zona de Pancas e no cabo Espichel. |
Alentejo – rara e irregular nesta região, a sombria ocorre esporadicamente durante as migrações, mas não se conhece nenhum local onde a sua observação seja expectável. |
Algarve – durante a passagem migratória outonal, podem por vezes ser vistos pequenos bandos nas imediações do cabo de São Vicente e, ocasionalmente, na ria de Alvor. |
Saber Mais
Partilhamos o episódio das “conversas sobre aves” dedicado à sombria. Na primeira parte da conversa falamos da distribuição e do habitat. Seguidamente debruçamo-nos sobre o nome comum em português. Abordamos também alguns apontamentos históricos que ajudam a compreender como se foi descobrindo o estatuto da espécie no país. Outros assuntos aflorados incluem a distribuição mundial, o estatuto de ameaça e os factores que poderão ter contribuído para o declínio das populações.
Sugerimos igualmente este pequeno tutorial sobre a identificação de escrevedeiras (género Emberiza).
Documentação
Ficha da sombria no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (edição 2005)