Para além do conhecido cuco-canoro, ocorre em Portugal um outro cuco, menos comum que o anterior mas nem por isso menos espectacular: trata-se do cuco-rabilongo, uma espécie parasita, que põe os seus ovos em ninhos de corvídeos, principalmente de pega-rabuda, mas também de gaio e gralha-preta.
Veja as datas aqui.
Taxonomia
Ordem: Cuculiformes
Família: Cuculidae
Género: Clamator
Espécie: Clamator glandarius (Linnaeus, 1758)
A espécie é monotípica.
Identificação
O cuco-rabilongo é relativamente grande. Distingue-se sobretudo pelo contraste entre o castanho das partes superiores e o bege do peito; pela cauda muito longa;pela pequena poupa; e, naturalmente, pelas vocalizações dos adultos, uma sequência de “tchak-tchak-tchak-tchak“, muito diferente do tradicional “cu-cu” do cuco-canoro.Os juvenis caracterizam-se ainda pelas manchas arruivadas nas asas.
Sons
Para ouvir a vocalização do cuco-rabilongo, clique na seta abaixo!
Abundância e Calendário
Este cuco ocorre de norte a sul do país mas é em geral uma espécie pouco abundante. De uma forma geral, é mais frequente na metade interior do território e mais comum no sul que no norte.É uma espécie estival, com um calendário de migração bastante precoce: os primeiros indivíduos chegam em Janeiro ou Fevereiro e a maioria deverá chegar durante o mês de Março. Os juvenis voadores são vistos sobretudo em Junho, após o que o cuco-rabilongo abandona o nosso território.
Mapas
Onde Observar
Os melhores locais para observar o cuco-rabilongo situam-se na metade interior do país, com destaque para o Alentejo. A norte do Tejo, este cuco é claramente menos comum.Note-se que, devido à sua baixa abundância e discrição, o cuco-rabilongo nem sempre é fácil de encontrar. Esta espécie detecta-se sobretudo no início da Primavera (Março-Abril a sul do Tejo, Abril-Maio mais para norte), pois é neste período que os adultos emitem as suas vocalizações, tornando-se por isso mais conspícuos. Durante o mês de Junho, quando os jovens cucos começam a voar, a espécie tem um segundo período de detectatibilidade. Fora destes períodos, o cuco-rabilongo tem um comportamento furtivo e as aves podem ser muito difíceis de detectar.
Trás-os-Montes – pode ser encontrado com alguma regularidade em Miranda do Douro. |
Litoral Centro – observa-se na zona de Estarreja, onde nidifica localmente e é pouco comum. |
Beira interior – a zona raiana junto a Vilar Formoso, a região de Celorico da Beira e o Tejo Internacional são os melhores locais para ver este cuco, que também ocorre junto às albufeiras da Toulica e da Marateca. |
Alentejo – é claramente mais abundante na metade interior da região; alguns dos locais onde surge com mais frequência são: a zona de Nisa, a albufeira da Póvoa, a região de Mourão e as planícies de Évora e Castro Verde. Na metade litoral é mais escasso, mas por vezes aparece junto à lagoa de Melides ou na albufeira do Monte da Rocha. |
Algarve – pouco comum, aparece principalmente durante as passagens migratórias; no sapal de Castro Marim provavelmente nidifica. |
Saber Mais
Em Março de 2023 realizámos um webinário dedicado unicamente ao cuco-rabilongo. Se deseja saber mais acerca desta espécie, sugerimos que veja a gravação, que aqui disponibilizamos:
Partilhamos igualmente o episódio das “conversas sobre aves” dedicado a esta espécie:
Documentação
Ficha do cuco-rabilongo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (edição 2005)
Ligações externas
- Cuco-rabilongo devolvido à Natureza após ingressar com trauma espinal
- Dois estorninhos-pretos, um melro e um cuco devolvidos à Natureza em dia de Sábado Livre