Os bicos-de-lacre fazem-se muitas vezes notar pelo seu peculiar chamamento. Quando o observador procura a origem do som, muitas vezes vê um conjunto de “pontinhos” a passar a grande velocidade. Esta minúscula ave, originária de África, foi uma das primeiras espécies de aves não nativas a estabelecerem uma população selvagem em Portugal.
Taxonomia
Ordem: Passeriformes
Família: Estrildidae
Género: Estrilda
Espécie: Estrilda astrild (Linnaeus, 1758)
Subespécies: 15
Identificação
Pequena ave granívora muito mais pequena que um pardal. Pode ser facilmente reconhecida pelo espesso bico vermelho vivo, sendo esta a característica que mais chama a atenção. Também a máscara, que se estende para trás do olho é de tom vermelho vivo. O resto da plumagem é dominada pelo castanho nas partes superiores e nas asas, ao passo que o ventre tem tons avermelhados.
Sons
Para ouvir a vocalização do bico-de-lacre, clique na seta abaixo!
Abundância e Calendário
Introduzido na lagoa de Óbidos em 1968, o bico-de-lacre expandiu-se rapidamente pelo território nacional e hoje encontra-se amplamente distribuído pelo nosso território, sendo uma espécie relativamente comum. Parece ser mais frequente em zonas de baixa altitude, em especial junto a zonas húmidas ou linhas de água com vegetação densa, como caniçais e silvados. É assim mais abundante no sul que no norte e mais comum no litoral que no interior, sendo raro ou estando ausente da maior parte da Beira Interior e do nordeste transmontano.O bico-de-lacre pode ser visto em Portugal durante todo o ano e nas zonas onde ocorre não é raro encontrar bandos, que podem juntar desde meia dúzia até algumas dezenas de indivíduos.
Mapas
Onde Observar
Quase todas as zonas húmidas costeiras são boas para observar bicos-de-lacre.
Entre Douro e Minho – observa-se nas zonas costeiras como por exemplo no estuário do Cávado e no estuário do Lima. Tambem pode ser visto em Guimarães. |
Trás-os-Montes – pouco abundante nesta região, ocorre essencialmente nas zonas de menor altitude; pode ser visto ao longo do rio Douro e também no vale do Tâmega, ate à zona de Chaves. |
Litoral centro – a lagoa de Óbidos, onde inicialmente terá sido introduzido, continua a ser um bom local para observar o bico-de-lacre. Adicionalmente observa-se na ria de Aveiro, no baixo Mondego, nas lagoas de Quiaios e, por vezes, na lagoa da Ervedeira. |
Beira interior – pouco abundante, pode ser visto nas zonas de menor altitude na Beira Baixa e mais localmente na Beira Alta (já foi visto na lagoa da Urgeiriça, na cidade de Viseu e também no rio Mondego, junto a Celorico da Beira). |
Lisboa e Vale do Tejo – comum nas zonas baixas da região; os locais onde a espécie é mais abundante e fácil de encontrar são o estuário do Tejo e o paul do Boquilobo. Também aparece no paul da Barroca, na lagoa de Albufeira, na várzea de Loures e no vale do Sorraia junto a Coruche. |
Alentejo – fácil de observar junto à costa, nomeadamente no estuário do Sado, na lagoa de Santo André e na ribeira de Moinhos. Mais para o interior, pode ser visto junto à lagoa dos Patos, na zona de Elvas e, ocasionalmente, junto à barragem da Póvoa. |
Algarve – observa-se um pouco por todo o litoral algarvio, em especial junto às zonas húmidas; entre os locais onde é mais frequente contam-se o paul de Lagos, a ria de Alvor, as salinas de Odiáxere, o estuário do Arade, a lagoa das Dunas Douradas e a Boca do Rio. |
Saber Mais
Se deseja conhecer melhor a situação do bico-de-lacre em Portugal, sugerimos que ouça o episódio das “conversas sobre aves” dedicado a esta espécie.