Entre Portimão e Lagos a ria de Alvor forma um amplo e complexo sistema estuarino, para o qual drenam as ribeiras de Odeáxere e Arão a poente, e as ribeiras do Farelo e Torre a nascente, com origem nas Serras de Monchique e Espinhaço de Cão. A zona lagunar encontra-se separada e protegida do mar por duas línguas de areia, a Praia de Alvor a nascente e a Meia-Praia a poente, rodeando dois promontórios, a Quinta da Rocha e a Abicada.

A diversidade de habitats numa área relativamente pequena – cerca de 1700 hectares – proporcionam a observação de uma grande diversidade de aves típicas de estuários e sapais, aves marinhas e aves associadas a campos agrícolas.

Os sapais da Ria de Alvor são frequentados por diversas espécies de limícolas, que aqui se alimentam durante a preia-mar

Visita:

Na rotunda de acesso à vila da Mexilhoeira Grande que existe na EN125, toma-se a saída que segue para sul, na direcção oposta à vila. Atravessa-se a passagem de nível da Linha do Algarve (dista cerca de 150 metros) e entramos na Quinta da Rocha, uma península que nos leva à Ria de Alvor.

Seguindo em frente atravessam-se campos agrícolas, grande parte abandonados, dominadas por culturas de pequena dimensão compostas por amendoeiras, oliveiras, alfarrobeiras, romãzeiras, marmeleiros e figueiras, bem como alguns pequenos pomares de citrinos e baldios. Durante este percurso é fácil observar fringilídeos (pintassilgo, chamariz, verdilhão, pintarroxo) e ainda trigueirão, pega-azul, poupa e, na época de nidificação, durante o dia no topo de um poste telefónico ou casa em ruínas, o mocho-galego. Nas áreas de pastagem a acompanhar o gado bovino ou caprino temos garças-boieiras. No Verão o abelharuco e as diferentes andorinhas mostram sua beleza e agilidade.

Nos campos agrícolas, durante a migração outonal é possível observar o movimento de centenas de passeriformes que procuram áreas de repouso e alimentação durante esta epopeia que é a migração. Destacam-se como migradores de passagem chasco-cinzento, rouxinol-pequeno-dos-caniços, felosa-poliglota, toutinegra-das-figueiras, toutinegra-de-barrete, felosa-comum, papa-moscas-cinzento, papa-moscas-preto, em como outras espécies de felosas. No Inverno é comum observar alvéola-branca, pisco-de-peito-ruivo e rabirruivo-preto. Ao longo do ano para além das aves associadas a campos agrícolas, é possível encontrar o alcaravão.

 

Chegados ao parque de estacionamento, a zona húmida – laguna e sapais – pode ser explorada a pé seguindo o dique que rodeia uma área de sapal. Nesta área de sapal pode-se observar flamingo, garça-real, garça-branca-pequena, maçarico-de-bico-direito, borrelho-de-coleira-interrompida, borrelho-grande-de-coleira, pernilongo, cotovia-de-poupa e muitas outras aves limícolas.
Na laguna durante a maré vazia as gaivotas-argênteas descansam nos bancos de areia a descoberto. Entre elas há sempre a oportunidade de ver outras espécies de aves como o corvo-marinho-de-faces-brancas, o ostraceiro, o pilrito-das-praias, o garajau-comum e o garajau-grande. Na época de nidificação, a andorinha-do-mar-anã encontra nesta área um local privilegiado de alimentação, nidificando no sistema dunar que separa a ria do mar. Junto às salinas nos bancos de vasa e sapal que se encontram na ribeira de Odiáxere a presença do maçarico-galego, da rola-do-mar e da tarambola-cinzenta não passa despercebida. Aqui, e ao longo dos diques durante os meses de Inverno esconde-se o pisco-de-peito-azul. No Verão a alvéola-amarela mostra os seus voos graciosos nas áreas interiores de sapal.

A partir da vila de Alvor este sistema estuarino pode ser explorado percorrendo a pé o sistema dunar. No interior, durante a maré vazia nos bancos de areia a descoberto para além da gaivota-argêntea, é possível observar o garajau-comum. Junto à embocadura da ria nos bancos de areia observam-se ostraceiro, rola-do-mar, pilrito-das-praias entre outras aves limícolas. Nas dunas observa-se cotovia-de-poupa, borrelho-de-coleira-interrompida e andorinha-do-mar-anã, que utilizam esta área para nidificar.

Melhor época: Setembro a Maio

Distrito: Faro
Concelho: Lagos e Portimão
Onde fica: A Ria de Alvor localiza-se no barlavento algarvio entre as cidades de Portimão e Lagos. Para quem vem de Lisboa, seguir pela A2 e depois pela A22 saindo no nó de Alvor. Para chegar à Quinta da Rocha, na EN125 na rotunda da Mexilhoeira Grande – vila situada entre as cidades de Portimão e Lagos – virar para sul, 150 metros mais à frente atravessar a passagem de nível e seguir em frente cerca de 2,5 Km até chegar junto do sapal e estuário. Aqui pode-se deixar o carro e explorar a pé o dique. No caso de querer explorar a Ria de Alvor a partir do sistema dunar deverá tomar a direcção de Alvor. Aqui chegado deixar o carro na zona ribeirinha de Alvor e seguir a pé entre o sistema dunar e o estuário/sapal até ao molhe e regressar pela praia.