Repartida entre o Minho e Trás-os-Montes, a serra do Gerês integra o único parque nacional existente em Portugal. Com os seus mais de 1500 metros de altitude máxima, esta serra alberga uma avifauna interessante e variada, incluindo diversas espécies que não ocorrem no resto do país, o que, em conjunto com as magníficas paisagens, fazem com que este local seja de visita obrigatória para qualquer observador de aves.

Perto de Pitões das Júnias, as zonas de mosaico agrícola são frequentadas pela escrevedeira-amarela

Visita:

A serra do Gerês estende-se por uma vasta área. Para a visitar, existem duas zonas distintas: por um lado, o sector central, situado na zona da vila do Gerês e seguindo para norte, a partir daqui, até à Portela do Homem; por outro lado, o sector oriental, situado já na região de Trás-os-Montes. A visita a cada um destes sectores é descrita separadamente.

a) Sector ocidental
Esta é a zona mais visitada do parque e é muito procurada aos fins-de-semana e durante os meses de Verão. Para poder observar aves de forma tranquila, recomenda-se uma visita nos dias úteis, de preferência de manhã cedo. O trajecto tem início em Vilar da Veiga, junto à albufeira da Caniçada, e é efectuado para norte, ao longo da N308-1. Passando a vila do Gerês e prosseguindo durante mais 4 km chega-se à Portela de Leonte, onde é possível fazer uma paragem. Aqui ocorrem diversos passeriformes, dos quais se destacam o chapim-carvoeiro e a estrelinha-de-cabeça-listada.

A estrada prossegue através da Mata de Albergaria, que é um bosque de folhosas em excelente estado de conservação. No entanto, quando o percurso é efectuado de automóvel é proibido parar, pelo que é preferível efectuar a visita a pé a partir da Portela de Leonte ou da Portela do Homem (ver abaixo). Ao longo deste percurso ocorrem o açor e a felosa-ibérica, assim como diversas outras espécies mais comuns.
Um pouco antes da Portela do Homem surge a ponte sobre o rio Homem. Neste ponto tem início um trilho que sobre o vale do rio Homem até ao coração da serra, nas Minas dos Carris. Nos primeiros quilómetros deste percursos, a avifauna é muito semelhante à que se encontra na Mata de Albergaria, mas à medida que se vai subindo aparecem espécies características de zonas mais elevadas, como a ferreirinha e a cia. Nas águas turbulentas do rio Homem e possível observar a alvéola-cinzenta.

a) Sector oriental

Na parte oriental da serra, já na província de Trás-os-Montes, o local mais
interessante para o visitante é o planalto da Mourela. Neste planalto, situado a cerca de 1200 metros de altitude, é relativamente fácil encontrar diversas espécies de aves que são raras no resto do território português. A parte mais interessante compreende o troço entre Pitões das Júnias e Tourém, onde praticamente não existem árvores. O fio telefónico que acompanha a estrada é frequentemente utilizado como pouso por picanços-de-dorso-ruivo, que estão presentes na área de meados de Maio a meados de Agosto. Outras espécies que podem ser vistas ao longo desta estrada incluem a laverca, a petinha-das-árvores, a alvéola-amarela, a ferreirinha-comum, o melro-das-rochas, a sombria e ainda outras espécies mais vulgares, como o cartaxo-comum, a gralha-preta e o pintarroxo.

Ao fim de alguns quilómetros a estrada começa a descer fortemente, até chegar a Tourém. Nesta zona é possível encontrar a rola-brava, o andorinhão-preto, o papa-amoras e diversos outros passeriformes. Do outro lado da aldeia, a ponte internacional atravessa a albufeira da Barragem de Salas, onde se pode observar o mergulhão-de-crista, o pato-real e a andorinha-das-rochas.

Do lado sul do planalto da Mourela, merece também uma visita a estrada para Pitões das Júnias. Ao longo desta estrada é possível encontrar paisagem agrícola em mosaico, sendo este um dos melhores locais para observar a rara escrevedeira-amarela. Outras espécies que aqui podem ser vistas incluem a rola-brava, a cotovia-arbórea, o picanço-de-dorso-ruivo e o trigueirão.

Para norte de Pitões, um caminho de terra (que pode ser percorrido de automóvel durante um ou dois quilómetros) conduz às fragas da Fonte Fria, visíveis à distância. Este percurso atravessa boas manchas de carvalhal e é excelente para observar passeriformes, com destaque para a felosa-de-bonelli, que aqui é bastante frequente. Outras espécies comuns ao longo deste percurso são: o pisco-de-peito-ruivo, a toutinegra-de-barrete-preto, a felosa-ibérica e o chapim-carvoeiro.

Melhor época: Maio a Julho

Distrito: Braga e Vila Real
Concelho: Terras do Bouro e Montalegre
Onde fica: no noroeste do país, cerca de 50 km para nordeste de Braga.

  • Acesso ao sector ocidental: é feito através da N308-1 por Vilar da Veiga, passando pela vila do Gerês e seguindo para norte em direcção à Portela do Homem. Nota: nos meses de Junho a Setembro, o atravessamento da Mata de Albergaria em automóvel (entre Portela do Leonte e Portela do Homem) durante o horário diurno implica o pagamento de uma taxa de acesso de 1,50 €. O acesso pedonal é gratuito, assim como o atravessamento de automóvel fora do horário de cobrança (este estende-se geralmente das 11 às 18 horas, mas pode ser alargado aos fins-de-semana).
  • Acesso ao sector oriental: deve seguir-se pela N103, que liga Braga a Chaves, saindo em Covelães pela estrada de Tourém.