A costa ocidental do Algarve é muito diferente da costa sul: mais selvagem, com escarpas mais elevadas e com um mar mais agitado. Ao longo desta costa existem diversas praias de grande beleza, muitas delas inacessíveis. Na Carrapateira, uma pequena península destaca-se do resto da costa. Aqui, junto à foz da ribeira da Bordeira, situa-se um dos locais mais acessíveis para observação de aves na costa vicentina.
Aves aquáticas:
corvo-marinho-de-crista, ganso-patola, garça-real, borrelho-de-coleira-interrompida, pilrito-das-praias, pilrito-comum, maçarico-galego, rola-do-mar, gaivota-de-cabeça-preta, guincho-comum, gaivota-argêntea
Grandes aves terrestres:
perdiz, cegonha-branca, peneireiro-vulgar, falcão-peregrino, pombo-das-rochas, andorinhão-pálido, abelharuco
Passeriformes:
cotovia-montesina, andorinha-dáurica, rouxinol-comum, rabirruivo-preto, cartaxo-comum, melro-azul, rouxinol-bravo, fuinha-dos-juncos, toutinegra-de-cabeça-preta, picanço-real, gralha-de-nuca-cinzenta, corvo, estorninho-preto, pintarroxo, trigueirão
Visita:
A pequena península da Carrapateira fica situada para oeste da estrada N268 e é percorrida por três pequenas estradas (parcialmente asfaltadas), o que permite fazer um percurso circular por esta zona.
O percurso aqui descrito é feito no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, podendo igualmente ser realizado no sentido inverso. Esse percurso pode ser feito de carro, contudo também pode ser boa ideia fazer o percurso a pé, pois isso permitirá detectar mais espécies de aves, especialmente passeriformes.
São descritos dois circuitos: o circuito mais curto, em que o regresso é feito pelo Medo das Angras, tem cerca de 6 quilómetros, o mais longo, que passa pela praia do Amado, abrange 9 quilómetros.
Partindo da Carrapateira para noroeste, ao longo da estrada paralela à ribeira da Carrapateira, atravessa-se uma zona de várzea com algumas casas. Nesta várzea é possível encontrar algumas aves típicas de zonas abertas, como a fuinha-dos-juncos, o trigueirão e o abelharuco. No Outono e no Inverno também aqui aparece o picanço-real. As manchas de vegetação ripícola são frequentadas pelo rouxinol-comum e pelo rouxinol-bravo.
Pouco depois a estrada começa a subir. Do lado direito pode ver-se a ribeira da Bordeira. Vale a pena parar para inspeccionar este local, pois não é raro encontrar aqui aves aquáticas, nomeadamente gaivotas – a espécie mais frequente é a gaivota-argêntea, mas outras espécies são vistas com regularidade. A garça-real aparece esporadicamente na ribeira. O borrelho-de-coleira-interrompida também pode aqui ser visto na Primavera e deverá nidificar. No entanto, é durante as migrações que este local apresenta maior potencial – nessa época observam-se, por vezes, pequenos bandos de limícolas, como por exemplo o pilrito-comum. Um pouco mais adiante, mesmo antes de atingir a linha de costa, um pequeno desvio para a direita permite obter boas vistas sobre a praia da Bordeira, onde por vezes também se observam bandos gaivotas. Durante o Inverno as limícolas habituais neste local são a rola-do-mar e o pilrito-das-praias.
Prosseguindo para oeste, a estrada percorre a península, agora paralelamente à linha de costa. Imediatamente a norte (isto é, à direita) da estrada existe um ilhéu onde nidifica a cegonha-branca; outras espécies que aqui ocorrem são o corvo-marinho-de-crista, o pombo-das-rochas, o andorinhão-pálido e o estorninho-preto. Um pouco mais adiante, chega-se por fim, a um marco geodésico denominado Pontal. Toda a zona que fica do lado esquerdo da estrada, denominada Medo do Pontal, é formada por pequenas dunas, sendo frequentada por diversos passeriformes, dos quais se destacam a cotovia-montesina, o rabirruivo-preto, a toutinegra-de-cabeça-preta, o verdilhão e o pintarroxo. Entre as espécies de maior porte que habitualmente podem ser vistas nos medos refiram-se o peneireiro-vulgar e a perdiz. Olhando para o mar, na direcção oeste, não deverá ser difícil ver o ganso-patola dando os seus espectaculares mergulhos.
A estrada continua para sueste, ao longo das arribas – neste troço é possível observar o melro-azul, a gralha-de-nuca-cinzenta, o corvo e, com sorte, o falcão-peregrino.
Cerca de 1 km mais adiante, surge uma bifurcação e as opções são:
– para a esquerda, uma estrada asfaltada segue para leste e conduz à Carrapateira, atravessando outra zona de dunas (o Medo das Angras), onde a avifauna e semelhante à que ocorre no Medo do Pontal;
– para a direita, a estrada percorre a linha de costa durante mais cerca de 2 km, surgindo então ao fundo a praia do Amado. A partir daqui a estrada segue para nordeste, através de um estreito vale, onde se pode observar o estorninho-preto e, por vezes, a gralha-de-nuca-cinzenta.
Melhor época: Outono e Inverno
Distrito: Faro
Concelho: Aljezur
Onde fica: na costa ocidental do Algarve, cerca de 30 km a norte do cabo de São Vicente. O acesso à zona é feito pela N268, que liga a zona de Alfambras (um pouco a sul de Aljezur) a Vila do Bispo. Ao passar a pequena localidade de Carrapateira, entra-se na área aqui descrita.