A maior albufeira do país veio criar um novo habitat numa região onde a água era escassa e propiciou o aparecimento de numerosas espécies de aves aquáticas que antes eram menos frequentes naquela zona. O local é hoje bastante interessante para a observação de aves e merece certamente uma visita.
Aves aquáticas:
piadeira, frisada, pato-real, pato-trombeteiro, pato-de-bico-vermelho, mergulhão-de-crista, corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-branca-pequena, garça-branca-grande, garça-real, galinha-d’água, galeirão-comum, perdiz-do-mar, maçarico-bique-bique, gaivota-d’asa-escura
Grandes aves terrestres:
codorniz, garça-boieira, cegonha-branca, tartaranhão-dos-pauis, tartaranhão-azulado, bútio-comum, peneireiro-vulgar, grou-comum, abibe, abelharuco, poupa
Passeriformes:
cotovia-montesina, andorinha-das-rochas, andorinha-dáurica, rouxinol-comum, cartaxo-comum, rouxinol-bravo, picanço-real, picanço-barreteiro, pega-azul, estorninho-preto, pardal-espanhol, pintarroxo, trigueirão
Visita:
Dada a enorme extensão da albufeira, apenas são sugeridos aqui alguns locais de mais fácil acesso. Existem, contudo, muitos outros locais que merecem ser prospectados, pois devido à extensão do habitat disponível, o potencial é muito vasto. A forma mais fácil de explorar a albufeira de Alqueva consiste em percorrer as estradas circundantes, parando nos locais onde estas se aproximam do plano de água. As estradas municipais são preferíveis às nacionais, devido ao menor tráfego que aí circula, o que traz mais segurança e menos perturbação.
Durante o período de invernada, algumas espécies de aves aquáticas podem ser encontradas com bastante facilidade em qualquer ponto da albufeira ou ao longo das suas margens. É o caso do corvo-marinho-de-faces-brancas, do pato-real, do abibe, do guincho-comum e da alvéola-branca. Para encontrar outras espécies, é necessário ir percorrendo a orla da albufeira, efectuando paragens aqui e ali. O percurso que aqui se descreve inicia-se em Mourão e desenvolve-se para sul, ao longo da margem oriental da albufeira. Existem, naturalmente, muitos outros itinerários, que oportunamente aqui serão divulgados.
Assim, para quem vem do lado de Évora pela N256, o primeiro local de observação surge à entrada de Mourão, sobre a ribeira das Vinhas. Aqui já têm sido vistas diversas espécies de patos, incluindo frisada e pato-trombeteiro, sobretudo no braço que existe do lado esquerdo da estrada. Esta zona também é frequentada pelo milhafre-real. Contudo, neste local o tráfego é intenso e por isso as condições de observação não são as melhores.
Assim, é preferível atravessar Mourão e sair pela estrada municipal que conduz à aldeia da Luz. Esta estrada atravessa diversos terrenos agrícolas (onde por vezes se observam pequenos bandos de tarambolas-douradas). A certa altura surge do lado direito uma enseada que merece uma paragem para observação. Este é um bom local para observar patos (incluindo a piadeira, a frisada e o pato-trombeteiro), valendo igualmente a pena prospectar o plano de água, ao longe, à procura do mergulhão-de-crista. Outras espécies de aves aquáticas que já aqui foram vistas são a garça-branca-grande (que poderá ser regular), o galeirão-comum e o maçarico-das-rochas. Nos campos circundantes ocorrem diversos passeriformes, destacando-se o picanço-real, que aqui parece ser bastante comum, a pega-rabuda e o trigueirão.
Saindo da Luz em direcção à aldeia da Estrela, surge ao fim de alguns quilómetros a longa ponte sobre a ribeira de Alcarrache. Um desvio do lado direito, mesmo antes da ponte, permite parar e observar a albufeira. Este é mais um local onde vale a pena prospectar para procurar mergulhões-de-crista, patos, garças e outras aves aquáticas. A ponte propriamente dita costuma ser frequentada por algumas gralhas-de-nuca-cinzenta. Nas zonas envolventes ocorrem a pega-azul e o pintarroxo. Ao longe surgem, por vezes, bandos de grous, possivelmente oriundos da vizinha zona de Mourão.
Por fim chegamos à aldeia da Estrela. Esta aldeia, que após o enchimento da albufeira ficou rodeada de água por três lados, merece igualmente uma paragem. Neste local podem ver-se o mergulhão-de-crista e o galeirão-comum e, por vezes, o guarda-rios. Também já aqui foram observados os raros patos-de-bico-vermelho, que poderão ser regulares na zona. A aldeia propriamente dita é frequentada, no Inverno, pelo rabirruivo-preto, enquanto que nos terrenos circundantes ocorrem a cotovia-montesina, o cartaxo-comum e, no Inverno, o tartaranhão-azulado. Na Primavera esta zona também é frequentada pela perdiz-do-mar. Outras aves terrestres que ocorrem habitualmente neste local incluem: bútio-comum, poupa, picanço-barreteiro, pega-azul e trigueirão.
Um pouco mais para sul, já perto da Póvoa de São Miguel, a estrada aproxima-se novamente do plano de água e cruza um braço da albufeira na ponte sobre a ribeira de Zebro. O melhor local para estacionar surge do lado direito, um pouco após a ponte. Entre as espécies que ocorrem neste local são de referir a galinha-d’água, o rouxinol-comum e a andorinha-dáurica; nos campos envolventes é frequente ouvir a codorniz. Convém igualmente notar o ninho de cegonha-branca que existe do lado esquerdo da estrada, cerca de 100 metros antes da ponte – por baixo do ninho nidificam alguns pardais-espanhóis.
Melhor época: Outono e Inverno
Distrito: Beja e Évora
Concelho: Moura, Mourão, Portel, Reguengos de Monsaraz
Onde fica: a albufeira estende-se por quase 100 km ao longo do vale do Guadiana. O melhor acesso é feito a partir de Évora, seguindo na direcção de Reguengos de Monsaraz; a partir daqui pode seguir-se para sul (Portel), leste (Mourão) ou norte (Alandroal).