A Reserva Natural Local do Estuário do Douro, situada entre as margens das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, tem uma extensão aproximada de 66 ha, englobando a Baía de São Paio (frente ao estuário) e o Cabedelo, onde existe um sapal que proporciona abrigo e alimento para múltiplas espécies. Dada a sua localização, é um dos melhores locais para observar aves nesta região, registando um conjunto alargado de espécies migradoras e limícolas.
Aves aquáticas:
pato-real, mergulhão-pequeno, corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-real, garça-branca-pequena, águia-pesqueira, frango-d’água, borrelho-de-coleira-interrompida, tarambola-dourada, pilrito-das-praias, narceja, maçarico-de-bico-direito, fuselo, maçarico-real, maçarico-das-rochas, rola-do-mar, guincho-comum, gaivota-d’asa-escura, gaivota-argêntea, garajau-comum, guarda-rios
Grandes aves terrestres:
bútio-comum, peneireiro-de-dorso-malhado, pombo-torcaz, coruja-do-nabal
Passeriformes:
laverca, andorinha-das-rochas, petinha-dos-prados, alvéola-branca, alvéola-cinzenta, alvéola-amarela, carriça, ferreirinha-comum, pisco-de-peito-azul, pisco-de-peito-ruivo, rabirruivo-preto, cartaxo-comum, fuinha-dos-juncos, toutinegra-de-cabeça-preta, felosa-comum, estorninho-preto, estorninho-malhado, pega-rabuda
Visita:
A Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED) faz parte de um extenso conjunto de espaços naturais geridos pelo Parque Biológico de Gaia, apresentando um centro interpretativo e dois observatórios. Inicia-se na margem sul do Rio Douro, na zona da Afurada, e termina na zona do Cabedelo, onde se concentram, quer em quantidade, quer em variedade, o maior número de aves. Além destes locais, a RNLED situa-se junto ao Geoparque de Lavadores (próximo da praia de Lavadores), um local rochoso que serve de ponto de paragem para algumas espécies menos comuns na zona, como o pilrito-escuro ou o ostraceiro.
Aquando da maré vaza, fazendo o trajeto desde a Afurada até ao Cabedelo, a primeira imagem do estuário surge como uma vasta extensão de lodaçal e areal, onde é possível observar bandos enormes de gaivotas, bem como algumas espécies limícolas e passeriformes. As gaivotas como o guincho-comum, a gaivota-d’asa-escura ou a gaivota-argêntea representam algumas das espécies mais comuns no estuário, podendo, por vezes, aparecer espécies mais raras no meio dos seus enormes bandos, como a gaivota-hiperbórea ou a gaivota-de-bonaparte. Além destas espécies, o estuário do Douro destaca-se como ponto de paragem, reprodução e invernada para algumas espécies de limícolas, como o borrelho-de-coleira-interrompida, o maçarico-de-bico-direito, o pilrito-das-praias, o maçarico-real, ou o maçarico-das-rochas. Além destas espécies, é possível observar algumas aves aquáticas que, com a sua exuberância, chamam as atenções de quem passa, como o garajau-comum, a garça-real, a garça-branca-pequena, ou ainda o corvo-marinho-de-faces-brancas.
Continuando na direção Afurada-Cabedelo, após esta zona de lodaçal é possível encontrar um areal que prima pelas múltiplas espécies de plantas dunares. Durante esta parte do trajecto, é possível encontrar algumas espécies de passeriformes que tanto nidificam nesta zona, como se alimentam. Entre elas, o cartaxo-comum é um símbolo icónico deste habitat, sendo possível avistar vários indivíduos a cantar pousados no topo das plantas ou nos postes do passadiço. Além do cartaxo, nesta zona podem-se encontrar bandos de estorninhos-pretos e pegas-rabudas a alimentarem-se durante o dia, bem como grandes bandos de andorinhas e andorinhões nos dias de mais nevoeiro, o que proporciona um espectáculo sem igual!
Dos múltiplos micro-habitats presentes no estuário, a zona de sapal, que se inicia a oeste do primeiro observatório e se prolonga até ao final do campo de futebol adjacente ao estuário, representa um importante refúgio para diversas espécies de passeriformes, podendo encontrar-se cartaxo-comum, fuinha-dos-juncos, felosa-comum (no inverno), chamariz ou as chamativas alvéolas que, com as suas cores e movimentos, deleitam a curiosidade de quem passa. Também nesta zona é possível observar de perto guarda-rios a pescar na maré alta, bem como encontrar espécies mais esquivas, como o frango-d’água ou a narceja-comum. Continuando pela ciclovia, o habitat passa de sapal para cordão dunar, sendo possível voltar a ver espécies como o estorninho-preto ou a pega-rabuda, bem como aves de rapina, nomeadamente o bútio-comum, o peneireiro-comum e por vezes, durante o Inverno, a coruja-do-nabal.
Atravessando a ciclovia e entrando no parque urbano construído na Baía de São Paio (em frente ao sapal) é possível ver espécies associadas a habitats mais florestais, como o chapim-real, o chapim-azul, a carriça, o pisco-de-peito-ruivo ou o pombo-torcaz.
Em suma, o Estuário do Douro, localizado numa zona de elevada densidade urbana, representa um refúgio importante para a avifauna. Devido à sua localização, é uma zona de fácil acesso e onde se podem efetuar observações tanto a pé, nos passeios destinados a cicloturistas e peões e nos observatórios, como de carro, a partir da estrada que passa a poucos metros do rio e que vai desde a Afurada ao Cabedelo.
Melhor época: Setembro a Maio
Distrito: Porto
Concelho: Vila Nova de Gaia
Onde fica: O Estuário do Douro situa-se na margem sul da Foz do Rio Douro. Como ponto de referência para localização e início de visita, indica-se a Ponte Luís I e a zona ribeirinha de Gaia. Partindo depois desta última, no sentido da Afurada, seguindo sempre pela estrada marginal ao rio, passamos por baixo do tabuleiro da ponte da Arrábida e um pouco mais adiante entramos na zona piscatória da Afurada. A partir desse ponto, seguindo pela Av. Afonso de Albuquerque, estamos no início da RNLED, donde começa já a ser visível a extensa zona de areal onde se concentram o maior número de aves.