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Estuário do Cávado
Antes do derradeiro esforço para rasgar os sistemas
dunares que caraterizam o litoral de Esposende e se
entregar em definitivo ao mar, o rio Cávado forma um
típico estuário atlântico de águas pouco profundas e
que, apesar das reduzidas dimensões, da sua
localização num meio densamente urbanizado e de estar
exposto a diversos fatores de perturbação associados
às atividades humanas, alberga um interessante
Visita:

Margem sul:
O Parque Natural do Litoral Norte, no qual está inscrita esta zona húmida, também
classificada no âmbito da Rede Natura 2000 de Sítio de Importância Comunitária
(PTCON0017), está a desenvolver na margem esquerda (sul) condições de visitação
que facilitam o acesso pedonal a alguns dos pontos de maior relevância para a
observação das aves. Mas comecemos por explorar de manhã bem cedo a avenida
marginal de Fão que se projeta desde uma pitoresca galeria ripícola a nascente até à
ponte de ferro de estilo “eifeliano”. É nesta zona ribeirinha que abundam os muito
conhecidos e fotografados anatídeos ferais e exóticos, alguns dos quais,
curiosamente, de espécies com o estatuto de raridade como o
cisne-mudo, o ganso-
de-faces-brancas ou o pato-ferrugíneo, no entanto, não deveremos ficar
surpreendidos se no juncal em frente nos aparecerem entre os primeiros raios de
sol espécies mais ilustres como a
coruja-do-nabal, o gavião ou o tartaranhão-ruivo-
dos-pauis. Com o apetite aguçado, tomemos a direção de Ofir que se situa a
poente da estrada nacional. Após o clube náutico vamos encontrar à direita o início
do circuito de passadiços em madeira. Deixemo-nos, então, guiar pelo desenho
serpenteante desta passadeira sobrelevada entre um mar de juncos, tantas vezes
coroados por
alvéolas-amarelas, cartaxos-comuns, fuinhas-dos-juncos ou
pintarroxos-comuns. Num instante, a nossa lista atingirá as várias dezenas de aves
identificadas. Para tal servem o miradouro e o observatório orientados para as
zonas entre-marés. Enquanto se sucedem as espécies de limícolas, e quase sem
nos apercebermos dos muitos passos dados, haveremos de chegar à frágil restinga
do Cávado, ex-líbris desta área protegida, onde um pequeno núcleo reprodutor de
calhandrinha-comum, ano após ano, tem desafiado todas as improbabilidades de
sobrevivência. Como forma de diversificarmos os nossos registos, deveremos optar
por rematar esta etapa entre os arruamentos interiores do núcleo turístico de Ofir,
onde as observações de outras aves, como a
estrelinha-de-cabeça-listada, o papa-
moscas-preto, o chapim-rabilongo, o chapim-carvoeiro, ou o chapim-real, evocam
para a existência passada de uma grande área florestal entretanto substituída pelas
moradias ajardinadas que à sombra dos pinheiros caraterizarão o nosso regresso à
zona urbana de Fão.
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Melhor época: sobretudo de Setembro a Janeiro ou ainda em Abril e Maio

Distrito: Braga
Concelho: Esposende
Onde fica: sensivelmente a meio percurso entre Viana do Castelo e a cidade do
Porto, da qual dista cerca de 40 km, utilizando a EN 13 ou a A28 (saídas de Fão ou
Esposende)


Caso pretenda conhecer outros locais para observar aves nesta região, sugerimos:
conjunto de habitats naturais e semi-naturais em aceitável estado de conservação e
de elevada importância ecológica. Entre estes destacam-se as próprias águas
fluviais, os lodaçais a descoberto na maré baixa, os sapais, o prado salgado
atlântico com extensos juncais e as pequenas matas aluviais ou galerias ripícolas
das margens que, além de alimento abundante, muito procurado pelas aves no
seus períodos migratórios e de invernada, ainda lhes proporcionam condições muito
favoráveis de acolhimento e abrigo na época de reprodução.
Vista aérea sobre o estuário do Cávado, vendo-se à esquerda a cidade de Esposende e em baixo o
núcleo turístico de Ofir.
Margem norte:
Cumpridos os primeiros 6 km apeados, as caraterísticas mais artificiais da margem
oposta justificam que agora façamos uso do automóvel nas ligações entre alguns
dos melhores hot spots para a observação de aves neste estuário. Depois da
travessia da ponte de Fão para norte, deveremos virar à esquerda na primeira
rotunda e procurar mais adiante uma estrada velha que nos levará novamente até
junto da mesma ponte. Sob esta desenvolve-se uma ínsua e alguns bancos de
areia em redor que, sobretudo a montante, são frequentados por espécies de
patos, gaivotas e pernaltas com maior relevância ecológica. Continuando para
jusante, devemos procurar junto a um posto de abastecimento de combustível o
caminho em terra batida à esquerda, um pouco exigente para os amortecedores do
nosso veículo, mas que constitui o único acesso até à margem. À medida que nos
aproximamos novamente da borda de água, envolvidos por campos de cultivo e
uma pequena mata ripícola, devemos usar de toda a cautela, pois é habitual registar
nestes sapais e lodaçais as mais invulgares surpresas e que normalmente nos
ignoram se num primeiro momento evitarmos sair do carro. Num salto em quatro
rodas, avançamos daqui até ao parque de estacionamento da doca de pesca,
autêntica varanda debruçada sobre o rio que nos oferece a mais ampla panorâmica
sobre o canal principal, assiduamente visitado pela
águia-pesqueira, a chamada
junqueira em frente com os omnipresentes patos-reais, as línguas de areia pejadas
de aves aquáticas e um cordão dunar que emoldura todo este quadro. E para
encerramento da nossa jornada, deveremos seguir na direção do farol junto à foz.
Neste trajeto, além de nos depararmos com motivos de alto interesse cénico,
temos uma perspetiva privilegiada sobre um fértil sapal que se estende ao longo da
marginal de Esposende e onde poderemos identificar facilmente limícolas mais
comuns como o
borrelho-grande-de-coleira, a tarambola-cinzenta e o
pilrito-comum, ou ainda espécies mais associadas ao meio marinho como o
garajau-comum, sem nunca desprezar a possibilidade da aproximação à costa de
aves com hábitos mais pelágicos que não raras vezes se intrometem entre as
hordas de gaivotas sempre estacionadas no extremo da restinga. É também nos
molhes de pedra que aqui se erigiram para conterem a irreverência das águas
marinhas que no inverno encontramos a rara
petinha-marítima.

Outros biótopos de interesse ecológico no território adjacente:
sistemas dunares, depressões húmidas intra-dunares, mata de pinheiro e folhosas,
caniçal da Apúlia, arriba fóssil, recifes e águas marinhas.
O observatório existente na margem sul é um local privilegiado para observar aves aquáticas,
especialmente limícolas