A área protegida mais antiga de Portugal, a Reserva Ornitológica de Mindelo (ROM), tem uma elevada importância histórica no panorama ornitológico português. Fundada a 2 de Setembro de 1957, em grande parte através do esforço de Joaquim Santos Júnior (professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto), durante as primeiras décadas foram desenvolvidos muitos trabalhos sobre a avifauna do local, com particular destaque para as campanhas de anilhagem de rola-brava.
Eventualmente, a área foi ficando esquecida, degradada, e engolida pelo desenvolvimento urbanístico da região. Recentemente, em 2009, foi reclassificada como Paisagem Protegida Regional do Litoral de Vila do Conde e Reserva Ornitológica de Mindelo (abaixo referida apenas por ROM, por simplicidade), e continua a nível local a ter uma importância muito grande para a avifauna dada a grande diversidade de habitats que nela podemos encontrar.
A área original da ROM, situada no concelho de Vila do Conde, incluía a zona florestal, agrícola e dunar das freguesias de Mindelo e Árvore e o estuário do Ave em Azurara. Presentemente, a reserva perdeu uma boa parte do seu sector nuclear original, mas ganhou nova área para sul de Mindelo até à foz do rio Onda, ocupando nesta nova porção sobretudo a faixa litoral.
Aves aquáticas:
pato-real, corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-real, galinha-d’água, borrelho-grande-de-coleira, borrelho-pequeno-de-coleira, borrelho-de-coleira-interrompida, pilrito-comum, pilrito-das-praias, maçarico-galego, narceja-comum, maçarico-das-rochas, rola-do-mar, guincho-comum, gaivota-argêntea, garajau-comum, guarda-rios
Grandes aves terrestres:
bútio-comum, gavião-da-europa, peneireiro-vulgar, pombo-torcaz, mocho-galego, noitibó-europeu, andorinhão-preto, poupa, pica-pau-verde, pica-pau-malhado
Passeriformes:
laverca, cotovia-de-poupa, andorinha-das-barreiras, alvéola-branca, carriça, ferreirinha-comum, pisco-de-peito-ruivo, pisco-de-peito-azul, rabirruivo-preto, cartaxo-comum, chasco-cinzento, tordo-músico, fuinha-dos-juncos, toutinegra-de-cabeça-preta, toutinegra-de-barrete, felosa-comum, estrelinha-real, chapim-rabilongo, chapim-carvoeiro, chapim-de-poupa, trepadeira-comum, gaio, pega-rabuda, estorninho-malhado, estorninho-preto, lugre, bico-de-lacre, pintarroxo
Visita:
O local mais indicado para começar a visita é junto ao estuário do Ave, onde é mais fácil estacionar um carro. Perto do final da estrada há um pequeno caminho voltado para o estuário (geralmente vedado por uma corrente, a fim de impedir a passagem dos carros), que dá acesso a uma plataforma a partir da qual se consegue ver quase todo o estuário. A partir da plataforma é fácil observar várias espécies (dependendo da altura do ano): garça-real, corvo-marinho-de-faces-brancas, guarda-rios, gaivota-argêntea, guincho, garajau-comum, pato-real, borrelho-grande-de-coleira, pilrito-comum, maçarico-das-rochas ou pisco-de-peito-azul. São também comuns várias espécies de andorinhas, sobretudo andorinha-das-chaminés e andorinhas-das-barreiras, sendo que estas são mais comuns junto à foz da pequena ribeira que desagua no estuário. Na zona envolvente ao estuário é comum observar fuinha-dos-juncos, cotovia-de-poupa, pintarroxo, chasco-cinzento, bico-de-lacre e estorninho-preto (no Inverno juntam-se a estes alguns estorninhos-malhados).
Saindo da zona do estuário, em direcção a sul, é possível seguir pelo passadiço, que permite a observação de várias espécies que ocorrem na vegetação dunar. A mais fácil de ver é o cartaxo-comum, e durante a época de reprodução são também comuns casais de borrelho-de-coleira-interrompida (atenção à possibilidade de encontrar casais de borrelho-pequeno-de-coleira). No Inverno são comuns bandos de fringilídeos, sendo os mais típicos na zona dunar os pintassilgos. Olhando para a praia é fácil observar grupos de rola-do-mar e pilrito-das-praias. Andando pelo passadiço passamos eventualmente pela ponte sobre a foz da ribeira de Silvares, o curso de água que cruza a zona nuclear da ROM. Aqui é fácil observar pato-real, galinha-d’água, andorinha-das-chaminés e a fuinha-dos-juncos.
Continuando para sul no passadiço, há várias entradas para a zona florestal e agrícola da reserva. O percurso sugerido contorna algumas antigas masseiras (campos de cultivo escavados nas dunas) e sebes com canas até chegar à grande duna fóssil. Do outro lado há um grande campo agrícola onde no Inverno se podem observar bandos de fringilídeos (tentilhão-comum, chamariz, verdilhão, pintarroxo), bico-de-lacre, alvéola-branca, pardal-comum, laverca e pombo-torcaz. Ocasionalmente pode-se observar bútio-comum, poupa e peneireiro-vulgar. No campo há uma zona alagada onde no Inverno ocorre com frequência a narceja-comum. Na extremidade do campo agrícola, junto às casas, é fácil observar o rabirruivo-preto e a rola-turca, e durante a noite é frequente escutar vocalizações do mocho-galego.
Contornando o campo agrícola regressamos à zona florestal, na qual há muitos trilhos (aconselha-se o uso dos caminhos dos tractores). No bosque misto podem-se observar ou escutar com frequência pisco-de-peito-ruivo, carriça, melro-preto, tordo-comum, toutinegra-de-barrete-preto, felosa-comum, estrelinha-de-cabeça-listada, todas as espécies comuns de chapim (incluindo o chapim-de-poupa, que é relativamente comum), ferreirinha, gaio, pica-pau-malhado e gavião-da-europa. Durante a noite, no Verão, pode-se ouvir o noitibó-da-europa nesta zona. Seguindo de regresso para norte, passamos por várias zonas de matagal, nas quais se pode escutar a toutinegra-de-cabeça-preta.
Melhor época: Setembro a Março
Distrito: Porto
Concelho: Vila do Conde
Onde fica: Para quem vem do Porto ou de Viana do Castelo o melhor acesso é pela A28, tomar a saída 14 (Mindelo), e depois seguir pela N13 para norte até uma rotunda com uma bomba de gasolina da Cepsa – virar no sentido do Parque de Campismo de Árvore, e aí virar para a direita até ao estuário do Ave.